quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A minha vida dava um filme chinês.

Ou mais, até...
Reza a história que, no fim de semana passado, decidi que o ia passar a casa, uma vez que já lá não aparecia há duas semanas. Ora, tendo em conta que estudo em Castelo Branco e vivo em Aveiro, esperava-me uma "agradável" viagem de quatro horas, dentro de um autocarro lotado e com um fantástico cheirinho a naftalina, tão típico dos velhotes que lá costumam ir. Aconteceu por acaso encontrar na rodoviária um amigo meu, o A., que ia para o mesmo destino, pelo que nos sentamos à conversa, na companhia um do outro, e dos respectivos computadores. Ia-mos até um pouco distraídos em relação à viagem quando chegámos à rodoviária da Covilhã, onde o motorista parou o autocarro e nos avisou: "as pessoas que seguem com destino a Aveiro, podem trocar para o autocarro do lado, que chegará lá mais depressa." Ora, como a viagem é sempre cansativa, e passar quatro horas sentado num banco de autocarro apertado não é propriamente agradável, decidimos aproveitar a sugestão e lá fomos nós, convictos de que assim reduziríamos o tempo de viagem e chegaríamos a casa mais cedo. (Aham! Se eu soubesse o que sei hoje...). E lá fomos nós, todos contentes, para o outro autocarro. Chegámos lá e garanto que fizemos tudo certinho: mostrámos os bilhetes com a indicação do destino ao motorista, esperámos pela sua "autorização" para por as malas no porta bagagens, voltámos a mostrar o bilhete à entrada e lá fomos nós, confiantes de que estávamos a fazer uma grande coisa. (E estávamos, por acaso... estávamos a fazer uma grande merda....!). Oh, tão inocentes que nós somos.... Ia-mos nós muito descansados da vida, a fazer contas às horas a que devíamos chegar, quando reparámos que afinal, aquilo que devia ser uma viagem mais curta que o previsto, estava na verdade a demorar mais que as 4 horas inicialmente supostas. Começámos a olhar em volta e a reparar que alguma coisa estava mal: estávamos a passar por uma portagem...! "Ah e tal, mas isto não era suposto" e "ah e tal, para Aveiro não há portagens" e "ah e tal, estou agora a reparar que não paramos em Viseu, como era suposto neste autocarro" e "ah e tal, se calhar é melhor ir falar com o motorista..."
-"Olhe, desculpe lá... mas afinal este autocarro.... eeerm... está a ir para onde, mesmo?!"
-"Oh menina, então? Para o Porto!!"
DESCULPE?!
PORTO?!
Mas você não reparou em nenhuma das duas vezes em que lhe mostrámos o bilhete, que dizia AVEIRO e não PORTO?! Não?!
Poooisss... ao que parece, não. E ao que parece, eu é que já devia saber que o autocarro ia para o Porto, porque se calhar é suposto eu ter uma espécie de doutoramento qualquer em destinos de autocarros para poder andar num, em vez de confiar nas indicações do primeiro motorista e de confiar na atenção que o segundo presta ao seu trabalho...
Ora então, resultado: em vez de chegar a Aveiro as 8 da noite, cheguei ao Porto às 9.10, mais coisa menos coisa. Chegando à rodoviária, fui logo informar-me das horas do próximo autocarro que me pudesse levar a Aveiro e "oh, surpresa das surpresas..... não há mais nenhum!!" Espectacular. Segunda hipótese: ligar aos amigos de Aveiro que trabalham no Porto, a saber se por acaso não vão para casa nesse fim de semana. Não atendem. Ultima hipótese: tentar apanhar um comboio. Pedi à amiga J. que me visse os horários na net, e tinha um dali a 7 minutos: foi uma correria desenfreada pelas ruas do Porto, desde a rodoviária até à estação, com uma mala de rodinhas atrás de mim e um computador ao ombro (sem contar com a minha carteira), por uma rua a descer para tentar chegar lá a tempo. O meu trabalho enquanto Francis Obikwelu ficou sem efeito. Quando cheguei à estação, já nem cheguei a ver o comboio, já tinha ido. Por sorte tinha um ainda nesse dia, tinha "só" que esperar uma hora na estação. E lá fiquei, de saia, até às 10h da noite, naquilo que dizem ser uma das zonas mais perigosinhas da cidade, e com o computador ali à mão de semear (ou roubar, vá...). Valeu-me estar acompanhada pelo meu amigo, isso sim. Resultado, cheguei a casa as 11.30 da noite, depois de andar a fazer uma espécie de rally pelo país... Mas a história não fica por aqui. Na viagem de regresso houve mais aventuras, mas ficam para contar noutra altura... E essas são melhores! Eheheh

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